sábado, 25 de junho de 2016

Professores, celulares e alunos. Quem está errado?

Frequentemente nos vemos em uma roda de amigos resmungando do crescente uso do celular, porém, é fato que não vivemos mais sem esses aparelhinhos que parecem carregar o mundo junto com eles. O "vício" do celular definitivamente não tem idade e não mais nos causa espanto ver bebês experts em tecnologia. O problema é que os bebês crescem, chegam na escola, faculdade, atividades extra-curriculares e seus fiéis escudeiros (celulares) os acompanham, gerando confronto entre alunos e professores.
Para falar sobre esse B.O. do uso do celular durante as aulas, convidamos o professor de música Minoru Raphael. E por que escolhemos justo um professor de música? Não, a escolha não foi pela especificidade da aula e sim para esse professor que consegue atrair muitos jovens para a arte e fazer com que quase todo dia, alguns deles postem em suas redes sociais vídeos tocando instrumentos ou cantando. Ai te pergunto... será que o celular precisa ser um B.O?
Boa leitura e ótima reflexão!!! Bjus

                Prof Minoru e seus alunos de um mosteiro

Professores, celulares e alunos. Quem está errado? (por Minoru Raphael)

Vejo por aí professores se descabelando com a questão “aluno-tecnologia”. Há quem toma o celular durante a aula, quem manda recado pro pai e até quem lamenta tantas facilidades. Caminho por outra via, e deixo aqui minha opinião como sugestão aos que ousam ter coragem e disposição para A Mudança.
Antes vale reforçar o bom senso, afinal, até água mineral, exercícios e vitaminas em excesso, prejudicam. Também lembro que até Stevie Jobs foi categórico ao dizer que limitava o tempo de uso dos gadgets por seus filhos, em casa. (2010/New York Times – jornalista: Nick Bilton) Dito isso, vamos ao que interessa.
Acredito que tamanho desconforto por parte de professores denuncie uma desatualização. Tantas queixas me sugerem um desespero camuflado de uma estratégia falida;um despreparo para o diálogo com o perfil do estudante contemporâneo; uma falta de pesquisa por ferramentas interessantes e uma aula possivelmente monótona. O mundo mudou, não há como voltar atrás e talvez falte coragem e disposição para desconstruir a empoeirada tradição pedagógica do dito ensino “bancário(termo de Paulo Freire para designar o processo unilateral, onde o professor deposita conhecimento no aluno). Quando surgiu o telefone, os mais rasos reclamaram que ninguém mais ia ao encontro do outro. Agora olhe os benefícios advindos pelo telefone... A mesma lógica simplória foi usada no nascimento da Internet e hoje,é usada para os celulares, tablets e toda a tecnologia vestível como iwatches e googleglasses. Mas quem pensou fora da caixa enxergou uma oportunidade de melhora didática e crescimento profissional.
Sou entusiasta da nova leva de professores que usa FaceTime para conectar alunos de culturas distantes, ao vivo! Plantão de dúvidas via TweetCam. Professores de Matemática, Física e Engenharia fazendo miséria no Chrome Lab. Professores de História criando aulas incríveis no HistoryClock; os de Geografia se apaixonando pelo Mapsof Word HD. Para a o ensino da Música, metrônomos, afinadores, samplers, Garage Band, Audacity, ProTools. E as dezenas de interativos para Gramática e Língua Portuguesa?! Já tem até estatísticas comprovando o uso do Life Coach para alunos com TDAH! Lousas digitais, mesas digitais, notas colaborativas, conteúdo de provas na Nuvem da Sala...Se não há o empenho para desvendar o fantástico mundo do iTunes-U, que pelo menos uma vez na vida todo professor clique na aba “educação” da Apple Store. Eu cursei a faculdade inteira de chinelo e iPad.
O fato é que vivemos um novo tempo e isso independe das escolas, diretores, coordenadores ou professores aceitarem. Simplesmente “agora é assim”, fim. A questão é se adequar sem preguiça ou medo, e reconhecer que um aluno com o mundo na palma da mão não tem mais interesse pelo seu giz. E digo mais, todo o conteúdo que sai da boca do professor já pode ser comprovado, atualizado ou desmentido em 5 segundos e 2 cliques. Já existem linhas pedagógicas que sugerem a pausa tecnológica(intervalo para liberar o uso de aparelhos e diminuir os níveis de ansiedade do aluno), e não é isso que eu acredito. Meu discurso é em favor da “tecnologização da Didática”. Ao invés de resmungar que os gedgets afastam meus alunos da aula, eu procuro lidar de maneira à fazê-los melhorarem seus resultados entendendo que todo o conteúdo está disponível 24h!(Spotify) Bem como o contato comigo! E repito que isso independe de concordarmos ou não. Esta é a nova condição estabelecida. Os teimosos se afogarão sem sucesso em sua rebeldia. Sim, disponibilidade de informação não significa conhecimento assimilado, eu sei, mas ser a ponte entre esses dois elementos é exatamente o papel do professor moderno.
É claro que eu também já pedi para que guardassem as coisas por um momento, mas chega de reclamar e proibir os gedgets em aula. Ao invés disso, torne sua aula mais interessante que o instagram da Kim Kardashian...

Minoru Raphael
- formado em escola de música e tecnologia EM&T
- formado pelo conservatório Souza Lima & Berklee
- bacharel da faculdade Santa Marcelina
- licenciatura da faculdade Santa Marcelina
- fundador do projeto fábrica de monstros (mais de 90 alunos particulares)
Facebook: Minoru Raphael
Instagram: Minorulandia

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Eu tenho lordose!!!

Sempre me perguntam qual o problema mais frequente dentro do consultório, e não tenho a menor dúvida que a dor nas costas é a principal queixa dos que procuram fisioterapia. Felizmente, a mair parte dessas dores é causada por má postura e tem solução. Sendo assim, compartilho hoje uma matéria publicada na Ser Mais Revista que fala um pouquinho do assunto.
As pessoas costumam chegar dizendo que a causa da dor é a lordose. Leia a matéria a seguir e entenda que a lordose em si é fisiológica e não um problema. O problema surge quando ela desaparece ou esta aumentada.
Bjusss





Eu tenho lordose!!! 

O problema não são as curvas fisiológicas, e sim a alteração delas


Costumo ouvir no consultório que o problema é a tal da lordose. Na verdade, isso é uma injustiça e estou aqui na função de “advogada“ de defesa.
A lordose é uma curvatura fisiológica da nossa coluna, assim com a cifose. Quando olhamos alguém de perfil, esperamos encontrar na altura da cervical (pescoço) bem como na lombar (altura da cintura), uma lordose, ou seja, curva com concavidade para trás e convexidade para frente. Já na região torácica (região do dorso), esperamos uma cifose, ou seja, curva com concavidade para frente e convexidade para trás.
Quando essas curvas não existem ou quando elas aumentam é que temos problemas. A ausência dessas curvaturas é chamada de retificação do perfil, já quando elas aumentam, incluímos o termo “hiper”. Para o aumento da lordose, hiperlordose, e para o aumento da cifose, hipercifose, popularmente chamado de “corcunda”.
Consequências
Essas alterações posturais da coluna são prejudiciais, podendo causar dor, desconfortos, encurtamentos musculares adaptativos, fraqueza muscular, maior risco de alterações discais e doenças degenerativas.
Tratamento
Felizmente a maior parte dessas alterações apresenta sucesso com tratamento conservador, e quanto antes tratar melhor, para evitar deformidades ósseas.





domingo, 19 de junho de 2016

Desconforto na ATM e sua possível relação com o uso da chupeta em crianças



Compartilho com vocês hoje um artigo, publicado na Revista Brasileira de Otorrinolaringologia referente ao uso da chupeta em crianças. Vale a pena ficar atento!!!
Bjuss






Presença de desconforto na articulação temporomandibular relacionada ao uso da chupeta.

Juliana de Paiva Tosato; Daniela Ap. Biasotto-Gonzalez; Tabajara de Oliveira Gonzalez

Rev. Bras. Otorrinolaringol. vol.71 no.3 São Paulo May/June 2005

http://dx.doi.org/10.1590/S0034-72992005000300017

INTRODUÇÃO

A articulação temporomandibular (ATM) constitui a ligação móvel entre o osso temporal e a mandíbula1. É uma articulação do tipo sinovial, que se inter-relaciona anatômica e cinesiologicamente com as articulações adjacentes e da coluna cervical2.
Disfunções nessa articulação são resultado de seu funcionamento anormal e podem aparecer por diversos motivos, como alterações posturais, desarmonia do côndilo com o disco, parafunções, fatores psicológicos, alterações proprioceptivas, decorrentes de desequilíbrios oclusais, entre outros3.
As disfunções da articulação temporomandibular (DTM) são descritas por Siqueira & Ching4 como um grupo de condições dolorosas orofaciais com alterações funcionais do aparelho mastigatório. Essas disfunções podem levar a diversos sinais e ou sintomas, estando em muitos casos, presentes dores musculares nos masseteres e temporais, dores articulares, dores de ouvido, entre outros5,6.
Estas disfunções na ATM são mais freqüentes no sexo feminino; Correia7 e Ramos8 e Souza9 mostraram que 97,9% das alterações ocorrem em mulheres e são acompanhadas de sinais e ou sintomas característicos.
Geralmente, problemas nessa articulação são descobertos na fase adulta, porém eles podem começar cedo, ainda na infância, e estarem relacionados com hábitos da criança. A sucção, considerada um hábito nutritivo até os três anos de idade e vicioso após esta idade, têm sido tema de estudo, por tratar-se de um hábito comum e pelos danos que pode causar10,11.
Alamoudi et al.12 mostraram que os distúrbios funcionais do sistema mastigatório são comuns em crianças e adolescentes, e tendem a aumentar na fase adulta. Thilander et al.13 colocam que as disfunções temporomandibulares em crianças também apresentam etiologia multifatorial, podendo citar hábitos parafuncionais e alterações oclusais que influenciam na função natural da musculatura mastigatória.
Assim, atividades parafuncionais como o uso da chupeta, normalmente mais visto em meninas14, podem ser desencadeadores de disfunções na articulação temporomandibular, por causarem mordida aberta anterior, retrusão da mandíbula, protusão do maxilo, sobremordida excessiva, vestíbulo versão de incisivos superiores, mordida cruzada posterior, palato ogival e deformidades angulares15.
Martins et al.16 concluíram que em um estudo realizado com crianças entre dois e seis anos de idade, que o hábito de sucção de chupeta pode desencadear anomalias na oclusão dentária.
Cavassani et al.17 encontraram distúrbios articulatórios em 55,56% da amostra estudada, a qual era formada por crianças entre cinco e nove anos de idade, que apresentavam hábitos orais viciosos de sucção.
Sendo assim, nota-se que os hábitos orais, freqüentes em crianças, desequilibram o sistema estomatognático, e podem aparecer como fator etiológico de disfunção temporomandibular. Com isso, o presente estudo teve por objetivo analisar se o tempo de uso da chupeta influenciava no aparelho estomatognático em crianças que não apresentavam outros hábitos parafuncionais.

MÉTODO

Antes da coleta dos dados, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética da Universidade de Mogi das Cruzes. Após aprovação, foi pedida autorização às diretorias de dois colégios (uma escola particular e uma escola pública, ambas da mesma cidade, na Grande São Paulo). Já com essa autorização, foram explicados a mães de 150 crianças os objetivos da pesquisa, e estas assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.
Foram incluídas no estudo todas as crianças as quais as mães responderam o questionário por completo, e que não apresentavam outros hábitos parafuncionais além do uso da chupeta verificado através do questionário. Foram excluídas as crianças as quais as mães não fizeram o preenchimento completo dos questionários ou não quiseram responder o mesmo, e as crianças que apresentavam outros hábitos parafuncionais além do uso da chupeta, como chupar o dedo, ranger ou apertar os dentes, roer unhas ou mascar chiclete.
Os questionários foram entregues para as mães, com um folheto explicativo sobre disfunção temporomandibular, e telefone para contato em caso de dúvidas.
Após análise dos resultados, 60 crianças foram excluídas por apresentarem outros hábitos parafuncionais. Foram incluídas no estudo 90 crianças, entre três e sete anos de idade, sendo 49 meninas e 41 meninos.
O questionário iniciava com a coleta dos dados pessoais, e era composto das seguintes perguntas:

1. Se a criança apresenta dor na articulação temporomandibular;

2. Se a criança apresenta cefaléia;
3. Se a criança apresenta dor no ouvido;
4. Se a criança apresenta cansaço ao mastigar os alimentos;
5. Se a criança apresenta dificuldade ao mastigar os alimentos;
6. Se a criança usou chupeta e se sim, até que idade;
7. Se a criança chupa o dedo;
8. Se a criança range ou aperta os dentes;
9. Se a criança rói unhas;
10. Se a criança masca chiclete.
Para análise dos resultados, as crianças foram divididas em três grupos, de acordo com o tempo de uso da chupeta:

- Crianças que não usaram chupeta (33 crianças);
- Crianças que fizeram uso de chupeta até dois anos de idade (14 crianças);
- Crianças que fizeram uso de chupeta até mais de dois anos de idade (43 crianças).
Análise dos resultados
Após as avaliações foi calculado o grau de correlação entre as variáveis colhidas, tempo de uso da chupeta. Para se medir e avaliar o grau de relação existente entre as variáveis aleatórias foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Pearson18. Para o cálculo deste coeficiente utilizou-se a seguinte fórmula:




O campo de variação do Coeficiente "r" situa-se entre -1 e +1, sendo que sua interpretação depende do valor numérico e do sinal.

Valor de Alfa
Foi utilizado o valor de alfa (a) igual 0,05 no teste estatístico para rejeitar a hipótese de nulidade.
Este objetivou verificar se o tempo de uso da chupeta alterava a prevalência de sinais e ou sintomas de disfunção temporomandibular. Estes dados são demonstrados na Tabela 1.



RESULTADOS

Entre as crianças que não usaram chupeta, 32,2% apresentaram alguma dor; 17,7% cansaço ou dificuldade ao mastigar os alimentos; e 5,8% dor, cansaço e dificuldade na mastigação. Das crianças que usaram chupeta até dois anos, 15,3% apresentaram dor e 7,6% cansaço ou dificuldade ao mastigar os alimentos. Já entre as crianças que fizeram uso da chupeta até mais de dois anos, 34,8% apresentaram alguma dor; 13,9% cansaço ou dificuldade ao mastigar e 2,3% dor, cansaço e dificuldade na mastigação, como demonstrado no Gráfico 1. Quando se aplica o Coeficiente de Correlação de Pearson, observa-se que entre as crianças que não usaram chupeta e aquelas que usaram até dois anos (24 meses), o aumento do tempo de uso da chupeta diminui de maneira significativa a média do número de sintomas de disfunção temporomandibular (r = -1,00). Já depois dos dois anos (sendo que foi considerado até 84 meses, pois foi o máximo de tempo de uso encontrado nos voluntários avaliados), o aumento do tempo de uso da chupeta aumentou também de forma significativa a média do número de sintomas de disfunção temporomandibular (r = 1,00) (Tabela 1).



Notou-se também maior prevalência de sintomas de disfunção entre as meninas do que entre os meninos. Das meninas entrevistadas, 53% apresentavam dor ou desconforto na região da articulação temporomandibular; já entre os meninos, 39% apresentaram algum sintoma de disfunção.

DISCUSSÃO

Após a análise dos resultados obtidos através dos questionários respondidos pelas mães das crianças, como feito em outros estudos, que demonstram que há validade nas respostas dadas pelas mães19, notou-se alta prevalência de dor ou desconforto no aparelho estomatognático, mostrando que as disfunções temporomandibulares constituem um distúrbio comum entre as crianças.
Verificou-se uma maior prevalência de sintomas de disfunção temporomandibular nas meninas, o que condiz com a literatura, que mostra uma incidência maior dessas disfunções no sexo feminino7-9.
Foi possível observar também correlação significante entre o tempo de uso da chupeta com o aparecimento dos sintomas entre crianças que não apresentavam outros hábitos parafuncionais. Dor ou cansaço/dificuldade ao mastigar os alimentos apareceu principalmente naquelas que não usaram chupeta ou fizeram esse uso até mais de dois anos. Assim, a falta da chupeta pode fazer com que a criança não prepare sua musculatura mastigatória, apresentando fadiga ao mastigar alguns tipos de alimentos. Felício20, mostra que a sucção é um exercício muscular necessário, que prepara língua, lábios e mandíbula para a mastigação. Sendo assim, se a musculatura não estiver preparada, quando os alimentos sólidos são introduzidos na dieta da criança esta pode apresentar fadiga muscular, a qual pode ser responsável pelo aparecimento de dor.
Já o uso excessivo da chupeta pode ocasionar alterações da oclusão21, distúrbios miofuncionais ou interposição lingual, interferindo na biomecânica da articulação temporomandibular. Isso também gera dor, e essa dor pode ser o fator desencadeante do cansaço e da dificuldade ao mastigar.
Frente aos resultados obtidos, é verificável que a chupeta pode ser importante por fazer com que a criança realize movimentos de sucção, preparando-a para a introdução de alimentos sólidos22. Porém, se usada por tempo prolongado, pode prejudicar a articulação e, conseqüentemente, a qualidade de vida da criança.

CONCLUSÃO

Foi possível concluir que o tempo de uso da chupeta influenciou na prevalência de sintomas de disfunção temporomandibular de forma significativa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. Savalle WPM. Anatomia do Aparelho Mastigatório. In: Steenks MH, Wijer A. Disfunções da Articulação Temporomandibular do Ponto de Vista da Fisioterapia e da Odontologia. São Paulo: Santos; 1996.
2. Okeson JP. Fundamentos de Oclusão e Desordens Temporomandibulares. São Paulo: Artes Médicas; 1992. 
3. Teixeira ACB, Marcucci G, Luz JGC. Prevalência das maloclusões e dos índices anamnésicos e clínicos em pacientes com disfunção da articulação temporomandibular. Rev Odonto USP 1999; 13(3): 251-6. 
4. Siqueira JTT, Ching LH. Dor Orofacial/ATM. Bases para Diagnóstico Clínico. Curitiba: Maio; 1999.      
5. Barbosa GAS et al. Distúrbios Oclusais: Associação com a Etiologia ou uma Conseqüência das Disfunções Temporomandibulares? JBA 2003; 03(10): 158-63.      
6. Magnusson T et al. Changes in clinical signs of craniomandibular disorders from the age of 15 to 25 years. J Orofac Pain 1994; 8: 207-13.        
7. Correia FAS. Prevalência da sintomatologia nas disfunções da articulação temporomandibular e suas relações com idade sexo e perdas dentais (dissertação). São Paulo: Faculdade de Odontologia Universidade de São Paulo; 1983.       
8. Ramos HAD et al. Sinais e sintomas das disfunções dolorosas da articulação temporomandibular. Odonto Cad Doc 1992; 34(2): 252-5.   
9. Souza JAS. Síndrome da articulação temporomandibular. RGO 1980; 38: 295-8.       
10. Bayardo RE, Mejla JJ, Orozco SLE. Montoya K.B.S. Etiology of oral habits. J Dent Child 1996; 63(5): 350-3.
11. Turgeons B, Lachapelle D. Nutritive and nonnutritive sucking habits. J Dent Child 1996; 63(5): 321-7.
12. Alamoundi N, Farsi N, Salako N, Feteih R. Temporomandibular disorders among school children. J Clin Pediatr Dent 1998; 22: 323-9.        
13. Thilander B, Rubio G, Pena L, Mayorga C. Prevalence of Temporomandibular Dysfunction and its association with malocclusion in children and adolescents: an epidemiologic study related to specified stages of dental development. Angle Orthodontist 2002; 72(2): 146-53.     
14. Jersil AJ. Psicologia da criança. 2º ed. Minas Gerais: Itatiaia; 1973.     
15. McDonald HE, Avrry DH. Odontopediatria. 4º ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1986.    
16. Martins JCR, Sinimbu CMB, Dinelli TCL, Martins LPM, Rauelli DB. Prevalência de má oclusão em pré-escolares de Araraquara: relação da dentição decídua com hábitos e nível sócio-econômico. Revista Dent Press Ortod Ortop Facial 1998; 3(6): 5-43. 
17. Cavassani VGS, Ribeiro SG, Nemr NK, Greco AM, Kohle J, Lehn C. Hábitos orais de sucção: estudo piloto em população de baixa renda. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia 2003; 60(1): 106-10.       
18. Toledo GL, Ovalle I. I. II Estatística Básica. São Paulo: Atlas 1995.    
19. Cirano GR et al. Disfunção de ATM em crianças de 4 a 7 anos: prevalência de sintomas e correlação destes com fatores predisponentes. RPG 2000; 7(1): 14-21.      
20. Felício CM. Fonoaudiologia na desordens temporomandibulares - Uma ação educativa terapêutica. São Paulo: Pancast Editora; 1994.      
21. Tomita NE, Sheiham A, Bijella VT, Franco LJ. Relação entre determinantes sócio econômicos e hábitos bucais de risco para más-oclusões em pré-escolares. Pesq Odont Brás 2000; 14: 169-75.      
22. André M. Tratamento odontopediátrico. Em: Altmann EBC. Fissuras labiopalatais. São Paulo: Pró Fono; 1990.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Meu joelho, meu ex-BO

Quando criei o Disk B.O, foi com o objetivo de compartilhar informação e histórias que valem a pena contar.
Sendo assim, é com muito prazer que a primeira convidada a participar do blog é a minha "pequena" Talita Gouveia Couto. Conheci a Talita ainda muito novinha, quando ela veio ao consultório junto com a mãe para tratar a postura. Chegou toda tímida, mas logo foi se soltando e de repente, minha pequena cresceu e se tornou uma moça linda e muito talentosa. Ela terminou o tratamento para correção postural, mas não ficou livre de mim! Nasceu uma amizade e sempre mantivemos contato. 
Anos depois vieram os problemas no joelho e isso nos aproximou ainda mais!!! Sei como foi difícil para ela passar por tudo isso, mas ela superou e pelas fotos, podem ver que tudo deu certo!!!!
Obrigada por compartilhar conosco sua história Talita!!! 



Meu joelho, meu ex-BO (por Talita Gouveia Couto)
Se me perguntarem qual o drama da minha vida digno de um B.O., com certeza foi meu joelho!
Aos 16 anos logo após me descobrir no mundo da dança fui surpreendida pelo acaso: torci o joelho jogando futebol na escola e não demorou muito até meu ligamento do joelho (LCA) romper por completo em um ensaio de dança. Entrei em uma leve depressão com tudo isso.
Tive que fazer uma cirurgia, pois minha decisão foi a de me arriscar para voltar a dançar e pra isso eu precisava daquele ligamento,  ou algo parecido com ele, hahaha! O ortopedista fez uma reconstrução do LCA com um 'pedaço' do meu tendão e o procedimento foi um sucesso! 
Depois e um longo ano de reabilitação com fisioterapia de qualidade e fortalecimento muscular com um personal especializado, eu voltei a dançar com muita cautela. Provei que o ortopedista estava errado ao dizer que eu não  iria dançar mais.
Foi uma das melhores sensações da minha vida, me emocionei muito no dia da apresentação de dança no final do ano. Lembrei de cada momento desde os dias na cadeira de rodas até os dias de ensaio toda insegura e vi que superação definia aquela fase de vida!
Ano novo vida nova!  Eu estava dançando Jazz, Ballet e Dança de Salão sem me preocupar mais com o Sr. Joelho... pelo menos eu tentava não me preocupar. Mas o trauma foi tão grande que eu sempre achava que iria acontecer de novo. E ACONTECEU! Antes de completar um ano de cirurgia eu senti um forte estalo e meu pior pesadelo se realizou. Rompi parte do menisco, tive que voltar à mesa de cirurgia e passar por tudo de novo!
Graças à Deus, mais uma vez o procedimento foi um sucesso, fragmento do menisco retirado! Porém, ao retornar no Ortopedista para receber “alta” tive uma surpresa: a secretária dele me devolveu os exames que eu havia "esquecido" no ano anterior. Ao olhar a ressonância da primeira lesão constatamos que a segunda lesão já estava lá bem visível!!! Ou seja mais cedo ou mais tarde ele iria mesmo romper-se de vez e isso “não foi visto pelo ortopedista”!
Apesar da raiva que fiquei na época, hoje eu não guardo mágoas. Depois de outra longa recuperação, hoje eu continuo dançando minhas modalidades preferidas e até virei professora de Dança de Salão! Não sinto mais aquelas dores horríveis. Só  as guardo na lembrança para que isso me alerte de movimentos perigosos e sempre que necessário eu relembro tudo isso.
As pessoas me perguntam por que faço isso se foi uma época tão sofrida?
Eu digo que é para valorizar a vida que levo hoje, como sou feliz e como as pessoas certas do seu lado podem mudar seu destino!

Talita Gouveia Couto
Formada em Comunicação das Artes do Corpo/ Teatro – PUC SP
Cursa Jazz, Ballet e Musical na Academia Nova Forma de Dança, Arujá SP 
Cursa Aulas de Canto-Musical com Saulo Vasconcelos;
Professora de Dança de Salão- Academia Target Exercício e Saúde

quarta-feira, 15 de junho de 2016

B.O. com final feliz

Certa vez, recebi no consultório uma senhora com olhar triste, expressão de dor, totalmente desmotivada. Ela me contou que vinha sofrendo com fortes dores de cabeça ao longo dos últimos 20 anos, tendo nesse período passado por especialistas de diversas áreas.
Sem diagnóstico, ela mesma passou a achar que estava ficando “maluca” e que as dores eram fruto da imaginação dela. Cansada de procurar ajuda, me disse que eu era sua última tentativa!
Após examiná-la, me pareceu um  típico quadro de DTM (disfunção temporomandibular) que é um distúrbio que acomete a articulação da mandíbula, músculos da mastigação e suas estruturas associadas.
Pois bem, não só pareceu como era isso e sessão após sessão fui vendo o sorriso voltar para o rosto daquela senhora.
Um dia, abro a porta do consultório e me deparo com uma pessoa na recepção que se assemelhava a essa senhora, porém bem mais jovem e acompanhada por uma linda menina. Logo ela começou a rir e perguntou se eu não estava a reconhecendo.
Lá estava ela, de cabelos pintados, roupa nova, repaginada e com a neta ao lado, que estava lá para brigar comigo: “tia, eu estou brava com você!  Antes de vir aqui, minha avó estava sempre em casa vendo TV comigo e agora ela não para mais em casa!!!!!”
Quem me conhece sabe como adoro mimar os pequenos, mas nesse caso em especial, fiquei feliz com a frustração da neta!
Tempo depois, já com alta do tratamento, as duas vieram me visitar e a netinha dessa senhora novamente quis falar comigo” tia adorei, depois que  minha avó veio aqui, ela não quer mais  ficar parada em casa e vive me levando para passear.”
Não vou citar nomes, porém é história real e resolvi contar aqui para que você não se “ACOSTUME “ a sentir a dor. Dor é sempre sinal de que algo esta errado e vale a pena investigar!!!!!
BJus!!!!


sábado, 11 de junho de 2016

Se minha cadeira falasse... Daria B.O!!!

Primeiro vou apresentar minha cadeira... Quando estava montando o consultório, fui decidida a comprar o tradicional. A única coisa que eu queria fugir era da parede branca. Eu sabia que eu queria uma cor clara, mas aconchegante pois parede branca tem cara de hospital. E vamos concordar que de hospital ninguém gosta! Continuando, chegamos na loja para escolher os moveis, eis que na nossa frente aparece uma cadeira laranja. LARANJA mesmo... Minha mãe falou: É essa! Eu falei: o que?! E fomos direto em direção a cadeira. Sim, compramos todas as cadeiras com o estofado laranja e daí para frente o Logotipo do consultório é laranja e em todos os detalhes procuramos colocar algo laranja.
Olhando pela cromoterapia, faz todo sentido. A cor laranja representa força de vontade, o poder do ser humano, energia, ativa as emoções, proporciona sentimento de bem estar e disposição. O que mais querer para um consultório?
Acho que deu certo. As pessoas dizem se sentir bem lá e as emoções sempre correm soltas!
Bem... Se minha cadeira falasse com certeza eu não poderia parar por aqui. São tantas histórias, risadas, lágrimas, confissões, dúvidas, que ela presenciou. O consultório é o lugar mais dinâmico que já conheci. Lá nunca se “cai na rotina”.
Você programa a sessão, tudo certinho e quando o paciente entra pela porta tudo muda. Ele chega completamente diferente do que você havia imaginado físico ou mentalmente. Cheio de histórias! Às vezes bem melhor do problema que você cuidou na última sessão, as vezes não tão bem assim... Outras vezes com uma dor completamente diferente daquela que ele lhe procurou para tratar da primeira vez... Tem horas que ele esta curado do problema que o levou a fazer fisioterapia mas esta cheio de dilemas que só você pode ouvir.
A garantia de que paredes de consultório nunca podem ter ouvidos fazem as pessoas perderem a inibição e suas retrações. Elas se sentem a vontade para falar, desabafar, e as vezes é só isso que eles querem fazer. Sentam na cadeira e dizem hoje não estou bem, preciso falar...
Aí esta a graça... o mistério... o dinamismo do consultório que nada mais é do que o retrato do dinamismo de nossas vidas. Podemos programar, planejar, organizar e num piscar de olhos tudo muda. Vira de cabeça para baixo! E isso é demais... Nós da área da saúde tratamos gente e somos gente. E nada mais doido do que nós, seres humanos. Somos uma caixinha de surpresas!
Paciente não tem que ser e não é paciente. É um ser humano com histórias incríveis, uma bagagem enorme, problemas, soluções, duvidas, inquietações igual a todo mundo mas ÚNICO. 
ÚNICO. Isso mesmo. Tenho horror de chavões tais como prontuário número tal... o protocolo X, 10 sessões. Até hoje ninguém conseguiu me explicar de onde veio esse número mágico de 10 sessões. Não sei se é cabalístico, mas por que cargas d’água que algum dia alguém inventou esse troço de 10 sessões e todo mundo usa sem saber o porque?
Tratamento não é receita de bolo e paciente não é saco de batata. É alguém que chega com uma história de vida, com muito a aprender com você e com muito mais para ensinar. Ouvir a rotina de cada um, saber a sua história, da sua família, do seu trabalho, dos seus amigos, faz você conhecer um universo sem sair daquelas quatro paredes. Você entra na história do paciente e viaja junto com ele para muitos lugares, para diferentes tempos. Descobri que não dá para julgar ou concluir quem esta certo ou quem esta errado, até porque, o que é certo e o que é errado depende muito das passagens que cada um  já experimentou.
Vale lembrar ainda que quando gostam do seu trabalho, cada paciente indica você para alguém do trabalho, da família, um amigo, um conhecido. Os publicitários que me desculpem, mas nessa área a melhor propaganda é o boca a boca. Divulgar em propagandas é necessário e marca presença. Mas o relato de um paciente é o que traz o outro paciente.
E nessa, você acaba por atender famílias inteiras. Isso é muito gratificante, pois é sinal de que confiam em você, mas é também muito divertido.
Chega o marido e te conta uma história. Chega a esposa e te conta a mesma história mas sobre uma visão diferente. Chega a filha do casal e a mesma história já tem a sua terceira visão. Obvio que todos te perguntam ele comentou alguma coisa sobre isso com você? Não, não falou nada. Aprendam, essa é a melhor resposta!
Mas brincadeiras a parte, isso faz a gente aprender que uma única história pode ter muitos lados e que cada um tem sua opinião e toma a melhor decisão que pode naquele momento. O que não quer dizer que seja nem a melhor nem a pior... Apenas é a possível naquela hora.

Com tudo isso, essa convivência, essa proximidade, essa confiança para poder falar e contar sem pestanejar, faz com que muitos pacientes tornem-se amigos e isso fica mesmo depois que o tratamento termina. Pessoas que ficam para sempre, que acompanhamos a história, e seu trajeto.

domingo, 5 de junho de 2016

Fisio e Terapia

Vou confessar que não foi à parte “fisio” da Fisioterapia que me motivou a escrever essas maluquices! A idéia veio de um amigo paciente e me empolguei em colocar no papel a parte “terapia” da Fisioterapia. Conhecimento técnico se aprende em livro e cursos, mas a experiência de vida que os pacientes podem te passar não esta em nenhum compêndio.
Algumas colocações marcam para sempre...
Alguns exemplos...
Uma paciente me contou que ao dizer para uma amiga que seu filho fazia terapia a moça com espanto lhe perguntou: “Nossa, mas ele tem problema?” E ela respondeu: “Sim, claro, ele nasceu!!!”. Adorei isso.
Um pequeno de oito anos, durante a sessão, cansado com os exercícios fala: “Tia, eu sou só uma criança!”. Fiquei com dó e achei engraçado ao mesmo tempo. Mas era para o bem dele, então tinha que fazer.
Além das partes engraçadas ficamos sabendo como é, por exemplo, a rotina de diferentes profissões. Cada um conta o que faz, como é sua batalha diária na empresa, escritório, consultório, na rua, hospital ou em qualquer outro local onde exerçam suas profissões. Dividimos a espera pelo contrato que será fechado, o paciente do seu paciente que foi operado, a bolsa de valores que caiu e prejudicou os investimentos, a loja que esta vendendo horrores, o funcionário que pediu demissão, o aluno que respondeu mal, as contas que não fecham, a folha de pagamento que tem que sair naquele dia! São tantas emoções... E quando nos damos conta já estamos dentro e fazemos parte da história.
E a rotina não para no trabalho. Dividimos a ansiedade para saber a nota da prova, o resultado do vestibular, do teste de gravidez, a conclusão de um exame, as novidades da viagem, o divórcio, o casamento, as conquistas, as perdas e assim vai! Torcemos junto!
Nem tudo são flores
Infelizmente nem tudo termina bem como nos contos de fadas. Ao mesmo tempo que temos a sorte de lidar com a vida, aliviar a dor, recuperar o movimento, devolver as habilidades, também lidamos com a perda.
Perder nunca é fácil e apesar de tudo agradeço por nunca ter aprendido a lidar com tal situação. Por mais avançada que esteja a medicina e suas profissões irmãs, nas quais incluo a minha de fisioterapeuta, não temos o poder de evitar que as pessoas vão embora quando é chegada a hora. Essa decisão, infelizmente, não esta em nossas mãos...
Perdemos para a doença, perdemos para a idade... Perdi paciente no hospital, em casa, no consultório... Pessoas que passam por nossas vidas e deixam marcas para sempre. Pessoas que sabiam que a qualquer momento iam embora e na maior parte não reclamavam disso. É estranho, mas eles não eram revoltados, não reclamavam da vida, não viviam mal humorados.
Isso mesmo. Convivi com pessoas que apesar da doença não eram rancorosas, sorriam, contavam histórias e acreditavam que tudo daria certo da maneira que fosse possível. Confesso que por muitas vezes fiquei pasma com a serenidade de pessoas que tinham total consciência do seu prognóstico e não eram revoltados por isso. Todos diziam ter aprendido muito e de certa forma agradeciam por isso.
É nesse momento que faço uma crítica a nós. Nós saudáveis que muitas vezes reclamamos de tudo, acordamos mal humorados e desperdiçamos oportunidades de sorrir. Vivemos eternamente descontentes sonhando com tudo aquilo que não temos ao invés de agradecer por tudo aquilo que já conquistamos.
Vejo gente que passa pela vida. Não vive! Deixam que seus dias aconteçam por acontecer e assistem a tudo como meros telespectadores. Não se dão conta que passamos pela Terra com prazo de validade e que não sabemos qual é esse prazo. Mas uma certeza temos, esse prazo é sempre curto, não importa quanto anos passemos por aqui.

É incrível como às vezes apenas depois de um chacoalho da vida é que acordamos e nos damos conta de que não temos tempo a perder. Tem uma música que diz: “Não que a vida esteja assim tão boa, mas o sorriso ajuda a melhorar.” E como ajuda. Sorrir ainda é um santo remédio e levar a vida um pouco menos a sério pode fazer muito bem. Isso não significa não agir com parcimônia e responsabilidade, mas levar tudo a ferro e fogo não nos faz pessoas melhores.